sábado, 25 de abril de 2009

É melhor queimar, ou se apagar aos poucos?

Meus finais de semana tendem a ser iguais.
Acordo tarde, venho para a internet, jogo alguma coisa, como, volto para a internet e durmo. Raramente sai disso. As vezes por não ter opção, as vezes por falta de grana, as vezes por ter opção.

Geralmente fico só também. Os outros moradores saem para seus compromissos sociais, e eu fico, pois gosto de ficar sozinho. E porque não tenho os meus compromissos. Poderia ter, com família, amigos do trabalho, etc. Mas entre eles e a solidão, a segunda sempre ganha. Já passamos tanto tempo juntos que me sinto extremamente confortável quando estou só, mesmo por longos períodos de tempo. E é nesses períodos que eu costumava escrever, a muito tempo atrás.

Encontrei meu primeiro pseudo-poema. Hoje ele soa estranho, apesar de reconhecer que nunca farei nada mais carregado do que isso.

O Anjo Caído

Agora ando só
Num vasto campo de perdas
Ouço vozes gargalhando
Pois a queda é inevitável

A derrota foi escrita
E acreditar no sonho foi o erro
Marcado em minha face
Em meu pescoço, em meus joelhos
É clara a vontade de quebrar a promessa
A única honrada

Fina
Como é fina essa linha
Estreita-se a cada decepção
O medo que não deveria ser meu
É que impede que ela se rompa
Mas um dia isso padecerá

Não sei a quem questionar
É um vício que se torna necessário
Agradeço aos sons por tanta compreensão
E se hoje mato meu corpo
É para não matar meus sentimentos

As asas se queimaram
E não se apagaram aos poucos
Aplaudam o egoísmo
Congratulem a dama da noite
Pois hoje eu caí
E não levei ninguém comigo

É como se o "eu" antigo me encontrasse agora, e enquanto eu lhe digo "obrigado", ele me diz "desculpa". O tempo só fecha as feridas que querem ser fechadas. A minha virou um câncer.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Faço do seu câncer o meu mal maior...
    As suas dores podem pulsar no meu próprio corpo quando leio suas palavras.
    Em outros momentos poderiam me soar suaves, como alguém que apenas sabe usá-las como alçapão. Hoje, no entanto, soam como fina agulha injetando ar nas artérias...
    Como se eu pudesse enxergar a minha própria queda quando suas asas são amputadas...
    Tô com saudades.

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