terça-feira, 28 de abril de 2009

Encontros

Ontem alguém me perguntou se eu poderia mudar minha estética. Por algum motivo, meu jeito largado não o agradou. Disse que estou fora de forma, com roupas velhas e sem cuidado com a minha aparência. Disse a ele que é fácil mudar a parte de fora, e que se as pessoas se importassem em mudar a parte de dentro, o mundo seria mais correto. E mais feio.

Hoje alguém me perguntou se eu poderia mudar minha forma de pensar. Por algum motivo, meu jeito caótico de pensar não a agradou. Disse que estou com a cabeça no passado, com opiniões velhas, radicais e sem sentido. Disse a ela que é difícill mudar a parte de dentro, e que se as pessoas se importassem em mudar a parte de fora, o mundo seria mais bonito. E mais errado.

Amanhã alguém irá me perguntar se eu poderia mudar meus sentimentos. Por algum motivo, meu jeito exagerado de sentir não irá agradá-la. Dirá que sou sensível demais, que amo e odeio sem saber o porque, e que não controlo meus impulsos. Direi a ela que feche os olhos, e que sinta seu maior maior sonho e seu maior pesadelo. Depois que os junte e que aperte-os dentro do peito. Ela me dirá que é impossível. E eu lhe direi que é impossível mudar os sentimentos, e que se as pessoas se importassem em mudá-los, o mundo seria o que é hoje: cada vez mais certo, e cada vez mais errado.

sábado, 25 de abril de 2009

É melhor queimar, ou se apagar aos poucos?

Meus finais de semana tendem a ser iguais.
Acordo tarde, venho para a internet, jogo alguma coisa, como, volto para a internet e durmo. Raramente sai disso. As vezes por não ter opção, as vezes por falta de grana, as vezes por ter opção.

Geralmente fico só também. Os outros moradores saem para seus compromissos sociais, e eu fico, pois gosto de ficar sozinho. E porque não tenho os meus compromissos. Poderia ter, com família, amigos do trabalho, etc. Mas entre eles e a solidão, a segunda sempre ganha. Já passamos tanto tempo juntos que me sinto extremamente confortável quando estou só, mesmo por longos períodos de tempo. E é nesses períodos que eu costumava escrever, a muito tempo atrás.

Encontrei meu primeiro pseudo-poema. Hoje ele soa estranho, apesar de reconhecer que nunca farei nada mais carregado do que isso.

O Anjo Caído

Agora ando só
Num vasto campo de perdas
Ouço vozes gargalhando
Pois a queda é inevitável

A derrota foi escrita
E acreditar no sonho foi o erro
Marcado em minha face
Em meu pescoço, em meus joelhos
É clara a vontade de quebrar a promessa
A única honrada

Fina
Como é fina essa linha
Estreita-se a cada decepção
O medo que não deveria ser meu
É que impede que ela se rompa
Mas um dia isso padecerá

Não sei a quem questionar
É um vício que se torna necessário
Agradeço aos sons por tanta compreensão
E se hoje mato meu corpo
É para não matar meus sentimentos

As asas se queimaram
E não se apagaram aos poucos
Aplaudam o egoísmo
Congratulem a dama da noite
Pois hoje eu caí
E não levei ninguém comigo

É como se o "eu" antigo me encontrasse agora, e enquanto eu lhe digo "obrigado", ele me diz "desculpa". O tempo só fecha as feridas que querem ser fechadas. A minha virou um câncer.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Never stop the (good) music!

Se tem algo que me ajudou toda vida foi ela. Em todas as brigas, em todas as desilusões amorosas, em todas as crises, ela foi meu remédio. Lembro de ouvir o álbum Ok Computer do Radiohead várias vezes, e cada vez que ouvia eu me sentia melhor. Parece que do outro lado tinha alguém, que cantava "entendo o que você passa". Isso me deixava tranquilo, pois sabia que não estava só.

Pra cada momento da minha vida, tenho uma música, um álbum ou um artista que na minha alma faz a trilha sonora. É como se alguém tocasse dentro da minha cabeça o tempo todo. E quando espero o onibus, bato com os pés no chão no ritmo dela.. ou canto baixinho, olhando pros lados pra não assustar ninguém. Hoje é "Nude", do Radiohead. Sempre foi uma das minhas prediletas, mas por te-la preparado pro ensaio que tive com a banda hoje (que foi muito legal) fiquei com ela na cabeça. "Nude" ilustrou com sons meu dia, que misturou amor e ódio como uma salada.

Quem puder ouvir, o faça. Vale cada segundo gasto.


Nude (Radiohead, do álbum In Rainbows)

Don't get any big ideas
They're not gonna happen
You paint yourself white
And feel up with noise
But there'll be something missing

Now that you've found it, it's gone
Now that you feel it, you don't
You've gone off the rails

So don't get any big ideas
They're not going to happen
You'll go to hell for what your dirty mind is thinking

Sometimes thom adds this verse when performing:
She stands stark naked and she beckons you to bed
Don't go, you'll only want to come back again


Linda. Parece uma faca entrando no peito. Mas ao invés de sentir dor, sente alívio.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac ...

Todas as vezes que viajo, volto triste. Não que a viagem tenha sido ruim, ou que algo aconteceu. Eu vejo o meu passado, e de certa forma isso mexe comigo. Voltar as origens, ver as possibilidades perdidas, as vitórias e as derrotas, ver aqueles que lá ficaram, aqueles que pra lá voltaram. É estranho.

Se fico mais de 5 dias lá, me sinto impregnado por aquele conformismo tentador, de fazer o nada e se sentir cansado. Achei que pelo menos o amor fosse suficiente, fosse uma bóia que me impedisse de afundar. As vezes é uma ilusão, que me sustenta na superfície, que faz admirar Sininho, Peter Pan e toda a turma voando, felizes, esquecendo dos problemas que ainda estão lá, esperando sua solução. Mas essa bóia já me afundou algumas vezes. Ainda bem que sei nadar.

Acho que a palavra é estagnado. Sempre que vou pra "terra do nunca" me sinto sufocado. É como se tivesse medo de voltar a viver aquilo novamente. Viver aquele lugar que por mais divertido que é, sei que não me pertence mais. É como uma sereia, que canta ao seu ouvido, te seduz com sua beleza, enquanto te leva pra morrer no fundo do mar. E por mais absurdo que seja, você vai. E feliz.

Por mais que eu me importe com aqueles que ficam, que gostam dessa vida de pó mágico e comida imaginária, não sei se adianta alertar que o Capitão Gancho ainda existe. E ele já está bem grandinho pra ter medo de qualquer tic-tac...

A questão não é SE ele voltar. É QUANDO ele voltar.

Morrer fingindo ser feliz é a pior mentira que o homem inventou.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O 5º filho à casa retorna

Ok, ok.. eu sei..

Prometi para minha saúde e para minha sanidade que jamais escreveria novamente. Jamais. Ainda mais aberto ao público. Eu e poucas pessoas viram e sentiram a mudança que o simples fato de escrever causou a minha pessoa. Me tornei frio, depressivo, angustiado, triste.. parecia que cada texto que escrevia era uma luta, um combate entre eu e as palavras. E eu sempre vencia. Ou achava que vencia... Mas depois de cada combate, nossa.. parecia que eu havia sido atropelado por um caminhão. E que ele mirava minha cabeça e a minha alma.

Era como se aquele sentimento de satisfação viesse disfarçado. Viesse pedindo mais, como uma droga, que durante o efeito é delicioso, mas quando ele acaba, te derruba. Durmia mal, comia mal, fazia algumas loucuras, deixava de fazer outras... enfim, era claro que não era bom pra mim. Por mais que todos os leitores adorassem, eu definitivamente odiava quase tudo q escrevia. E isso não deve mudar.

Então a pergunta de 1 milhão de dólares: porque voltar?

Não sei. Posso dizer inúmeros motivos aparentes, envolvendo de A a Z. Mas quer saber? Todos eles são desculpas pra esconder o que eu realmente sei. Eu voltei pelo mesmo motivo que um viciado tem uma recaída pela droga..

Porque eu sou viciado nisso. Sei que me faz mal, sei que eu não devo, sei que a grande maioria das pessoas que se importa comigo não querem que eu faça isso, mas é inútil. Fiquei 2 anos e meio longe disso, e confesso que muita coisa melhorou, muita coisa piorou, como tudo na vida: religião, política, amor... 50% a 50%. Nem mais, nem menos. Então me pergunto: resolveu? Não. Se me perguntarem hoje se estou feliz, a resposta será o silêncio. Não sei mesmo. É frustrante, eu sei. É querer ser médico e ter medo de sangue, e mesmo assim fazer o que tem que fazer, mesmo que depois fique horas no banheiro vomitando.

E se esse tempo todo não foi suficiente pra abandonar esse vício, é porque não o é. Mas se não é um vício, é o que? Masoquismo? Necessidade? Insegurança?

Seja lá o que for, to aqui pra descobrir.